Coluna Esporte na Rede, por Leandro Martins
São Caetano do Sul, SP, 13 de março de 2018
Se existe uma coisa sobre a qual nunca se terá consenso, é a convocação para a Seleção Brasileira. Jamais, na história do futebol, uma convocação para vestir a amarelinha foi aceita de forma unânime por imprensa e torcedores. Quem é gestor, sabe. Não é fácil montar um grupo que seja dedicado, cujas pessoas sejam cem por cento agregadoras e engajadas com a proposta coletiva. Gerir uma equipe em qualquer ramo de atividade profissional é tarefa que poucos sabem executar.
O líder precisa ser transparente e mostrar que tem muito conhecimento, capaz de levar o coletivo ao crescimento, às vitórias e conquistas. Tite convocou a Seleção para disputar dois amistosos (sim, AMISTOSOS!!) em março. Contra Rússia e Alemanha. Tite quer embates duros para preparar o grupo, que ainda não é o definitivo.
Tite está longe de ser burro. Pelo contrário. É extremamente inteligente e perspicaz. Costuma olhar nos olhos de seus comandados, com honestidade e transparência. Sabe passar o que quer em campo. Não é Deus, mas é um excelente treinador. As presenças mais questionadas na convocação foram Talisca, Neto, Willian José e Rodrigo Caio. São AMISTOSOS, repito! Tite fará testes para desenhar a convocação final, dos 22 atletas que vão à Copa.
Somente 22. Sim, sobrarão ainda mais uns 30 jogadores de boa qualidade que não irão à Rússia. Impossível agradar a todos. Os testes são válidos. Tite nunca foi um técnico que gostasse de dirigir grandes estrelas e medalhões. Não é preciso ter nome para jogar na Seleção e sim, um futebol que permita a ele o encaixe das peças no esquema que tem em mente. Foi assim que ganhou Brasileiro e Libertadores com o Corinthians. Não tinha grandes estrelas, mas tinha quem executasse exatamente o que ele queria.
Fábio Carille e o Palmeiras da Crefisa mostraram no ano passado que nomes não ganham títulos. Em um futebol altamente físico e tático como o dos tempos atuais, bons esquemas de jogo são mais valiosos do que individualidades. Nisso, concordo com Tite. Um bom esquema faz as individualidades se destacarem. E, acima de tudo, é preciso gana, raça e vontade extra.
Não há mal algum em Tite levar jogadores de sua confiança e que se encaixem em sua proposta de jogo. A imprensa e os torcedores ficam muito melindrados. Quando Paulinho foi para a China, disseram que ficaria longe da seleção. Com a confiança de Tite, foi convocado. Brilhou. Graças a isso, foi para o Barcelona! Imprensa e torcedores queimaram a língua! Podem queimar novamente, não?
Tite e sua comissão técnica de apoio monitoram muitos jogadores no mundo todo. A convocação se baseia em opções, mas também em relatos, números, vídeos, uma série de fatores apreciados na análise de desempenho. Ou você acha que o Tite fica dormindo em casa em vez de trabalhar? Ele ama o que faz! Se os convocados dele vão dar certo ou não, veremos no campo. Ali sim, cabe nossa análise. Me nego a cornetar a convocação. Quero ver jogando primeiro. Depois sim, o espaço para elogios e críticas será dado. Antes, não. Um forte abraço.